Associação Piauiense
do Ministério Público

Entidades piauienses repudiam PEC da Impunidade em ato público

 

 
No dia 12 de abril, representantes de setores jurídicos, policiais, religiosos, homossexuais, de pessoas com deficiência, universitários, dentre outros, se reuniram, no auditório da Justiça Federal, comungando de um sentimento único: o de repúdio à Proposta de Emenda à Constituição nº 37/2011.
 
A PEC da Impunidade, como ficou conhecida a Emenda de autoria do deputado federal Lourival Mendes, do PT do B do Maranhão, visa pôr fim ao poder investigativo do Ministério Público do Brasil, concedendo, a partir disso, exclusividade às polícias Federal e Civil nesse processo.
 
Na opinião das entidades que se uniram, hoje, na manifestação – coordenada pelo Comitê Estadual Contra a PEC da Impunidade, que é composta por representantes de seguimentos dos órgãos do Ministério Público Piauiense, da Rede de Controle Social, associações de classe e sociedade civil – a PEC afronta ao Estado Democrático de Direito, uma vez que não provém de anseio popular, mas de um delegado de polícia Civil.
 
Para os que são contra a Proposta, que aguarda votação no plenário da Câmara dos Deputados, sua autoria, de cunho corporativista, e sua aprovação contribuem, única e exclusivamente, pra enfraquecer os mecanismos de combate à criminalidade, colaborando para enraizar, ainda mais, a corrupção, bem como proliferar a impunidade no país.
 
 
“Dentro do cenário de macrocriminalidade em que o Brasil está imerso, onde enfrentamos o crime organizando extremamente articulado, se nós, que somos defensores da Ordem Jurídica e do Estado Democrático de Direito, não pudermos, efetivamente, defender, quem poderá?”, questiona o presidente da Associação Piauiense do Ministério Público (APMP) e coordenador do Comitê contra a PEC da Impunidade no Piauí, Paulo Rubens Parente Rebouças.
 
Paulo Rubens, desse modo, ao indagar sobre a capacidade de o Estado defender o cidadão sem a cooperação de um órgão da envergadura do Ministério Público, chama a atenção para o fato de que, “enquanto o resto do mundo tem buscado fortalecer e ampliar o número de instâncias fiscalizatórias para apuração de responsabilização criminal, o Brasil, ao contrário, quer reduzir e enfraquecer”.
 
 
 
Promotor de Justiça de Goiás diz que modelo brasileiro de investigação é ultrapassado
 
O promotor de Justiça Tito de Sousa Amaral, do Ministério Público do Goiás e membro do Conselho Nacional do MP, afirmou, em palestra durante o ato de repúdio à PEC 37, que, no Brasil, “a polícia, doutrinariamente, não sabe investigar”, e que “o modelo de investigação brasileiro é ultrapassado”. “Tanto é que temos um índice de elucidação de crimes muito baixo”, observa.
 
Além disso, Tito frisa que “o Ministério Público não quer tirar poder investigativo de nenhum órgão, pelo contrário, quer é se unir às entidades investigadoras para combater a criminalidade”. O promotor destaca, ainda, que o Ministério Público do Brasil é o mais avançado do mundo, tendo, dentre outras características, a inamovibilidade e vitaliciedade.
 
 
“O Ministério Público conta com grande apelo social, a sociedade sabe que ao bater à porta de um membro do MP ela vai ser atendida e bem atendida. Portanto, a pergunta que fica é: a quem interessa ter um Ministério Público frágil? Certamente, não é à sociedade que interessa”, questiona Amaral.
 
Estiveram ainda presentes, na ocasião, a procuradora-geral de Justiça do Piauí, Zélia Saraiva Lima; a presidente do Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI), Waltânia Alvarenga; representantes do Ministério Público Federal, Ministério Público de Contas, Tribunal Regional Eleitoral, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis, Grupo Matizes, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, dentro outros.