Juliana Furtado*
O processo de globalização, somado à industrialização, urbanização e ao desenvolvimento econômico, tem provocado mudanças significativas na vida e nos hábitos das pessoas. Na saúde, o maior reflexo dessa modernidade é a obesidade, que se faz como uma das dez maiores ameaças à saúde da população mundial, por potencializar o surgimento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), tais como diabetes melitus tipo 2, hipertensão arterial, síndrome metabólica e câncer.
Nesse sentido, foram notadas mudanças conjunturais recentes que norteiam o consumo de alimentos, haja vista que as pessoas buscam viver por mais tempo e com mais qualidade de vida, preocupando-se com a estética e ainda com a melhoria da performance física, buscando alimentos de baixo teor calórico.
A vida nas cidades grandes minimizou a importância do ato alimentar. Parece não importar muito o que se come, com quem se come e como se come. O típico habitante da cidade grande come no intervalo de almoço um fast food ou um pedaço de pizza, sozinho e muitas vezes de pé.
Talvez esta seja uma das razões pelas quais procuramos uma satisfação onde não a poderemos encontrar, ou seja, na quantidade de comida ingerida. A relação de afeto que antes permeava a refeição nas trocas familiares e entre amigos, hoje cede lugar a uma alimentação em que o seu parceiro é o aparelho de TV.
E essa tendência a comer demais é típica das sociedades industriais. No passado o indivíduo “comia para viver”. Hoje, o consumismo induz as sociedades a “viver para comer”. Mas não apenas o consumo se modificou com a industrialização crescente. As facilidades de transporte, o trabalho mecanizado e também sedentário fizeram com que os organismos gastassem cada vez menos energia, tornando as necessidades calóricas diárias menores e o consumo energético maior.
Ora, dessa forma, a balança entre ingestão calórica e gasto calórico, que deveria ser equilibrada, tende a pesar pra primeira opção, surgindo assim a obesidade e suas complicações já comentadas.
O meu papel enquanto profissional da saúde, que zela pelo bem estar nutricional dos indivíduos, me faz fazer um apelo: não deixemos que a obesidade seja vista como uma “simples obesidade”, pois ela não é. Caracteriza-se como um distúrbio metabólico complexo que desencadeia tantos outros e merece sua devida importância e tratamento.
A harmonia entre a saúde física e mental, ligados aos fatores sociais e ambientais proporcionam qualidade de vida às pessoas, levando-as à terceira idade com mais vitalidade. Nutricionistas são os profissionais da saúde responsáveis por manter a harmonia entre ingestão calórica e gasto energético, evitando que patologias dessa natureza se instalem.
*Nutricionista da APMP