Associação Piauiense
do Ministério Público

APMP discute estratégias sobre modificação no pacote anticorrupção feitas pela Câmara

Membros do conselho deliberativo da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp) se reuniram, na manhã desta quarta-feira (30), em Brasília, para discutir estratégias de atuação institucional sobre a aprovação pacote anticorrupção enviado ao Congresso pelo Ministério Público Federal (MPF).

Representando Associação Piauiense do Ministério Público (APMP), o presidente Glécio Setúbal destacou os objetivos do encontro. “Hoje estamos reunidos para discutir estratégias e diretrizes de atuação institucional sobre temas específicos, que afetam diretamente o Ministério Público, em especial, sobre a aprovação de medidas que atentam contra a independência do Ministério Público e do Poder Judiciário”, frisa.

Em sessão extraordinária, ainda na madrugada desta quarta-feira, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou alteração no texto-base do Projeto de Lei de iniciativa popular. Por 313 votos a favor e 132 contrários (cinco deputados se abstiveram), 10 medidas do projeto anticorrupção foram alteradas. O texto segue agora para o Senado.

Entre as alterações feitas no texto inicial, foi incluído a possibilidade de magistrados e procuradores responderem por crime de abuso de autoridade. “Como representantes do Ministério Público não podemos aceitar isso. Com as alterações no projeto, o trabalho de combate à corrupção fica extremamente fragilizado. Em vez de atender aos anseios da população quanto à punição aos corruptos, a Câmara faz alterações criando empecilhos na atuação dos investigadores", pontua Glécio.

Durante o encontro, a Conamp divulgou uma carta aberta à sociedade brasileira. Confira a carta na íntegra:

CARTA ABERTA AO POVO BRASILEIRO

Sociedade Civil e Membros do Ministério Público, o atual momento político e institucional que vivenciamos é gravíssimo, principalmente em razão da ação realizada pela Câmara dos Deputados, na madrugada de hoje dia 30/11/2016, manietando a vontade popular, rasgando o conteúdo original do projeto de lei das 10 medidas de combate a corrupção, o qual visava fortalecer justamente os mecanismos de combate a maior mazela existente na história do nosso país, a CORRUPÇÃO.

Em vez de atender ao pedido popular de PUNIÇÃO AOS CORRUPTOS, a Câmara dos Deputados decidiu modificar o projeto criando amarras para impedir as investigações realizadas no combate à corrupção e, mais grave ainda, criminalizando a conduta dos Promotores de Justiça e Juízes que combatem a corrupção e estão conseguindo colocar atrás das grades detentores de poder político e econômico no cenário nacional e local.

Precisamos do apoio contundente e maciço da sociedade civil para evitarmos que manobras anti-republicanas venham a se transformar em lei. Somente com a legítima manifestação popular, os nossos representantes da classe política irão mudar de postura e passar a atender a vontade do povo. Estamos todos, Sociedade Civil e Instituições, sob a ameaça real de desconstrução das bases do nosso Estado Democrático de Direito.

As entidades de classe que representam os Membros do Ministério Público brasileiro continuarão a trabalhar para reverter no Senado Federal o resultado da votação do Projeto de lei das 10 medidas. Podemos lograr vitória, principalmente, com o apoio da sociedade civil. Lembramos da luta popular travada na época da votação da PEC 37, quando a sociedade civil mobilizada conseguiu evitar que o Congresso Nacional aprovasse uma medida que visava impedir o Ministério Público de realizar investigações no combate à corrupção. Precisamos restabelecer e fortalecer esse movimento, principalmente porque os interesses pessoais e anti-democráticos não podem prevalecer frente à vontade popular.

Ministério Público Forte – Sociedade Protegida.